segunda-feira, 17 de março de 2008

El Camino Inca hasta Machu-Pichu

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A cereja do bolo. No final, Machu-Pichu.

Saímos de Cusco às 6h da manha de quarta-feira. No início, uma viagem de ônibus até Ollantaytambo, onde no km 82 da estrada-de-ferro Cusco-Aguas Calientes desembarcariamos para a longa peregrinaçao a pé até a cidade perdida de Machu-Pichu, simplesmente o principal destino turístico da América Latina.

Chegando no ponto de partida, tomamos um pequeno desayuno, ja que saímos muy temprano de Cusco e nao haviamos comida nada. Após uma pequena apresentacao do grupo (8 viajeros e 8 ajudantes) iniciamos a viagem, isso ja era meio-dia. No meu grupo, dois alemaes, dois canadenses e tres espanhóis. Cinco minutos de caminhada e ja temos que parar no primeiro posto de controle do Camino Inca. O governo peruano limitou o número máximo de viajantes em 500 por dia, contando tudo, turista, guias e portadores. O posto fica bem numa ponte, sendo impossível passar por ela sem que se passe pelo posto, ou seja, quem quer ir por conta, tem que descobrir com atravessar o Rio Urubamba.


O ponto de partida da maratona de quatro dias ate Machu-pichu
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O inicio da caminhada é facil. Terreno plano. Umas 2 horas até a primeira parada, onde almocamos. O mais incrivel sao os portadores. Eles carregam 4 vezes mais peso que os turistas e chegam bem antes. Eles armam as barracas, a cozinha, deixam tudo pronto. Dai saimos. Eles desarmam tudo e quando chegamos a proxima parada lá estao eles de novo, com tudo pronto esperando pela gente.


O primeiro acampamento. Parada para almuerzo

Depois do almoco mais caminhada. Aí veio a primeira subidona, uns 45 min de subida. Chegando no alto passamos pelo sítio arqueológico de Willkarakay, que vemos la no fundo do vale. Lá em cima, a agua ja custa 3 soles, e segundo me disseram, quanto mais longe da civilizacao mais inflacao. No proximo ponto ja estava 4 soles.

Baks na frente Willakaray. Karay é chegar ate lá.
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Chegamos ao primeiro acampamento, onde jantamos e, sem nada pra fazer, tentamos dormir. Aí deu problema pra mim. Como durmo de bruços e o colchonete era pequeno, nao consegui dormir nada pois os joelhos doiam muito. E o pessoal tambem nao dormiu direito por causa do frio.


Baks encarando mais uma descidinha

No outro dia, acordamos, quer dizer, levantamos às 5h para comecar o segundo dia, o mais terrivel de todos. Estavamos a mais ou menos 2800m de altitude e comecamos a caminhada. Terrivel. Subida e baixada. Subida e baixada. Subiiiiiiiiiiiida e Baixaaaaaaaaaaada. Até o ponto mais duro de todos. A subida de uma hora e meia ate o primeiro passo, o monte Abra Warmiwanuska, a 4200m. Voce esta la embaixo e da um desanimo geral saber que tem que subir tudo aquilo. Quando se chega la em cima o frio é intenso. Voce esta muito cansado mas logo o suor da roupa comeca a gelar e fica pior ainda. O negocio é ficar sempre caminhando.

Vista lá de cima do ponto alto
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No parte alta do Camino, apos a maior subida. Podrao.


A subida é foda, mas às vezes o visual compensa. Nao é?

Depois da longa subida, uma longa baixada. Quase uma hora descendo. E aí o camino inca se torna muito perigoso, pois as pedras resvalam e as escadas tem os degraus muito grandes. mas enfim, chegamos ao ponto final, depois de sete horas de subida e descida. Lá acampamos e, muito cansado, consegui dormir uma hora, afinal.


Lá embaixo foi o local do acampamento

No terceiro dia, sexta, acordamos as 5h30min. Seria o dia mais longo, com 7 horas de caminhada, perfazendo 16 kilometros. Logo no inicio uma super subida de 1h. Quando digo subida, é subida mesmo, em degraus, o que fica pior ainda. Lá no topo, as ruinas de Runkuraqay, que seria um posto de passagem inca. Atingimos o segundo passo, a 3780m. Os incas fizeram varios deles, a cada 10km, como se fosse um hotel para os caminhantes ate Machu-Pichu descansarem.


Baks encarando mais uma subidinha

Seguindo adiante, comecamos a baixar mais e a paisagem vai mudando, ficando mais verde. E veio a chuva. Antes havia chovido tambem, mas so uma garoa. O forte era a noite, para sorte nossa. Mas dae comecou a chuva de dia, o que atrapalhava ainda mais a caminhada. Passamos por alguns tuneis que os incas esculpiram na rocha e chegamos ate Sayaqmarca, um outro ponto de descanso e um templo de adoracao ao sol.
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Tuneis abertos pelos incas para dar passagem


Chega a chuva. O jeito é se abrigar

Baixamos um pouco mais e chegamos exaustos ao ponto de almoco. Recomecamos a marcha até atingirmos o terceiro passo, Phuyutamarka, a 3620. A partir dali seria so descida. Mas nao quer dizer mais facil. Descida o tempo todo é muito ruim. Como se fosse descer escadas, mas escadas molhadas e tortas, feitas de pedras.


Baks no topo do mundo, no terceiro passo

Chegamos ate Phuypatamarca, um templo de adoracao a agua. Descansamos um pouco e seguimos numa descida de aproximadamente 3 horas ate perto do acampamento. Lá, o caminho se divide em dois, um mais curto ate o acampamento e outro mais longo, mas que passa pelas ruinas de Intipata, um centro agricola com terracas de cultivo que provavelmente abastecia a cidade de Machu-Pichu com comida. Resolvemos pegar o caminho mais longo, é claro.


As escadarias do Camino Inca

Em Intipata, a paisagem é incrivel. Estamos a 2h de Machu-Pichu. La embaixo da pra se ver o rio Urubamba e os trilhos do trem, alem dos nevados ao longe. Curtimos uns 30 minutos a vista e chegamos ao último acampamento, este um luxo. Em Wina-Wayma se pode tomar banho com agua quente, tem musica, se come dentro de um enorme restaurante e tem inclusive, bebida gelada, que nao via a tres dias. Todos os grupos se encontram lá. É um clima de festa total, depois da janta todo mundo acaba dancando. Mas só ate as 22h.



Os terracos de cultivo em Intipata

O Rio Urubamba, visto la de cima. Pouca gente ve isso porque quase todos pegam o caminho mais curto

No outro dia, acordamos as 4h. Deixamos tudo pronto e partimos. Nos despedimos dos portadores, os companheiros que trabalhavam e carregavam nossas coisas montanha acima. Agora faltavam so duas horas ate MP e depois voltariamos de trem. Consegui dormir 3h, o recorde. Bueno, chegamos as 5h10 no posto de controle, que abre as 5h30min. Isso porque queriamos ser o primeiro grupo a chegar a MP. Mas outros tambem haviam pensado nisso e ja haviam dois grupos na nossa frente.

Passsamos pelo posto e recomecamos a caminhada, quase totalmente plana. No caminho passamos por mais ruinas, como Intipunku. Duas horas depois, apos uma curva nas montanhas, se abriu, na nossa frente, as maiores e mais bem preservadas ruinas incaicas ate entao descobertas, a cidade esquecida de Machu-Pichu.


A foto tradicional com a galera do grupo. No fundo, o Huyna Pichu, que fica para outra hora, junto com o Misti

Machu-Pichu foi descoberta em 1911 pelo americano Hiram Bhingam, hoje nome de trem. Bhingam estava atras da cidade onde os incas remanecentes haviam se escondido depois da conquista espanhola. Mais tarde, descobriu-se que essa cidade estaria a 100 km dali, ja na selva peruana.


Baks com MP atras. Quer dizer, imagine que MP esta atras, pois uma nevoa encobriu tudo bem na hora

O que se sabe sobre MP nao é muito. A teoria mais aceita é de que se tratava de um retiro do imperador Inka, para descansar e fugir do clima rigoroso de Cusco. Cusco esta a 3500m. MP, a 2500m. Segundo os historiadores, MP foi esquecido por ordem dos sacerdotes. Isso porque os espanhois estavam destruindo e saqueando tudo. Os sacerdotes entao ordenaram o abandono da cidade. Os incas nao haviam desenvolvido a escrita e seus registros historicos eram feitos em quipus, uma especie de corda com varios nozes. Os espanhois haviam matado todos os amautas, as pessoas que sabiam ler esses cordoes. Entao MP, ainda bem, so apareceu ao mundo em 1911.


Baks no complexo de MP
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Machu-Pichu é uma cidadela cheia de fontes, templos e casas. Ao fundo, o Huayna Pichu, a montanha que cerca a cidade. Tinhamos decidido subir o Huayna Pichu, umas 2h para subir e descer mas estavamos tao cansados que desistimos. A visao la de cima deve ser fantastica. Da proxima vez, vou de trem, dai vou poder subir o monte.


Complexo de habitacoes em Machu-Pichu

Demos uma volta geral pela cidade com o Jose, nosso guia, explicando varias das construcoes, como o relogio solar, que servia como calendario para saber a epoca certa da colheita e plantio. Depois de um tempo, la pelas 11h o Jose deu as ultimas coordenadas, de como pegar o trem, que saia as 14h e o local do almoco e disse que teriamos mais uma hora a vontade para percorrer a cidade, antes de descer ate Aguas Calientes, a cidadezinha no sopé da montanha. A partir das 11h, MP comeca a ficar lotada de gente. Chegam os trens de Cusco e só se ve turistada gringa por toda a parte.
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Baks ficou chateado porque nao deixaram abrir a bandeira do Colorado em MP. Por causa disso, ele atirou tres guardinhas no rio lá embaixo

Estavamos todos podres e resolvemos ir para Aguas Calientes. Infelizmente, fazendo a trilha inca, voce chega a MP podrao e fica sem nenhuma vontade percorrer as ruinas. Faltou muita coisa pra ver la. Descemos para Aguas Calientes. O onibus vai ziguezagueando montanha abaixo. Lá almocamos e pegamos o trem para Cusco. Na verdade, ate Ollantaytambo, e dali, onibus ate Cusco, onde chegamos em torno das 6h.
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As aguas frias do Rio Urubamba correm fortes em Aguas Calientes

Baks no trem na volta
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Dai dei um tempo, comi alguma coisa, mexi na internet e acabei nao dormindo. Quando foi 23h30 sai pra balada, é claro. Acabei no Mama Africa, o point da gringaiada em Cusco. Cheguei no hotel ja era 4h da manha e dai preguei no sono.

Hoje de manha me acordaram as 8h para fazer o passeio de rafting pelo rio Urubamba, que ja havia comprado antes. Desisti. Tava podrao. Voltei a dormir e acordei hoje as quatro da tarde. Agora to legal. Vou aproveitar a ultima noite em Cusco. Amanha vou recorrer outros locais da cidade, uns museus e lugares de interesse turistico. As 14h30 sai o voo para Lima, onde chego as 16h. Depois, ja na terca, 2h30min, o voo de volta ao Brasil.
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No trem, um conselho das autoridades peruanas para voce manter a boa higiene corporal

3 comentários:

Anônimo disse...

Hehehe!!!

Excelente, Baqueta.

Apesar de ser a cereja do bolo, parece que não foi o lugar que mais curtiu.

Decepcionou-se ou foi o cansaço?

Pra mim, vc gostou mais da ilha do Guano!!

Anônimo disse...

Heeee!!!! Parabéns pela incrivel jornada, fantástico!!! Acompanhei toda a "série", todos relatos e fotos... Muito bom, acho que tu já tens material suficiente para produzir um livro-guia tenho uma ótima jornalista pra te apresentar se for necessário... Valeu tua determinação, entusiasmo e ousadia.
Féons!!!

Bruno Araújo Oliveira disse...

kra, parabéns pela temporada, acompanhei td td, passo à passo, cada coisa q vc posto eu li, mais eu creio q vc naum vai se "despedi" do blog assim neh!! kkk
teh mais, abrass