segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carnaval de Oruro

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Incrível. Patrimônio Intangível da Humanidade pela UNESCO. Este é o Carnaval de Oruro.

Bueno.

Me despedi de Cochabamba sexta passada dando uma voltinha na noite. Me mandaram ir na Calle El Pando, que lá estava "la roda", que é como eles falam dos pontos de fiestas e junçao de gente por aqui. Caminhando por El Pando vi muitos bares e boates. Encontrei dois camaradas na rua, o Carlos e o Toni. Eles estavam indo para a Life, fui com eles. Chegamos lá e estava fechada! A maior casa noturna de Cocha fechada numa sexta. Claro, todo mundo estava indo pra Oruro. Mas eu só ia no sábado. Pegamos um taxi e fomos para La Marca, boatezinha aconchegante especializada em música eletrônica da boa. Mas nao tinha quase ninguem. Saímos e fomos para a confirmada, La Pimienta Verde.

Na Pimienta toca de tudo. Muito legal. Ponto tradicional dos estrangeiros que visitam Cocha. Encontrei muitos brasileiros lá. Pessoal que vem fazer Medicina aqui na Bolívia. La fiesta estava ótima mas tive que sair. Ia pegar o ônibus cedo para Oruro.

Comunidade brasileira de Cocha. Desculpa Laila, mas perdi o guardanapo com o nome do pessoal

Acabei dormindo somente duas horas. Fui para a Rodô pegar o ônibus para Oruro. Me encontrei com a Hilda, a muito legal boliviana que conheci no vôo para Santa Cruz, que tava vindo de lá. Pegamos o ônibus das 9h para Oruro. 25 bs. Tomei um comprimido contra o soroche, o mal das alturas na saída. Como fomos de dia, deu pra apreciar a paisagem. É de tirar o fôlego, literalmente. O ônibus vai serpenteando montanhas, subindo devagarinho. Nao existem árvores. A vegetacao se resume a esparcos tufos verdes rasteiros. Só pedras e rochas. E frio. Chegamos em Oruro là pelas 13h. Largamos as mochilas na casa dela e fomos direto para a festa.

Como todo muculmano deve ir pelo menos uma vez à Meca, todas as pessoas devem ir ao menos uma vez ao Carnaval de Oruro.

Oruro é uma cidade situada entre Cochabamba e La Paz, a 3.700m de altitude. Antigamente muito rica devido às minas de prata e estanho, hoje encontra-se decadente. Conta com cerca de 170 mil habitantes. Existem algumas boas atracoes turísticas em Oruro como aguas termais e o ponto de entrada para o Parque Nacional de Sajama, ponto culminante da Bolívia, com mais 6.800m de altitude. Foi em Oruro que pela primeira vez se hasteou a bandeira boliviana. Foi aqui que se iniciou a revolta contra o domínio colonial espanhol, que desencadeou na Independência boliviana. Mas nada se compara ao Carnaval.

Diferentemente do Brasil, hoje quase só festa mesmo, aqui em Oruro é puro folclore. 52 corsos, vindos de todas as partes da Bolívia, que se reunem aqui de sexta a terca. É pior que rave. Começa às 9h da manha e termina às 8h do dia seguinte. Por falar em rave, tinha sábado em Oruro a Socavón Tronic. Optei pelo Carnaval tradicional.


Folclore puro

Nao existe competiçao para ver quem é o melhor. Os dançarinos bailam em devoçao à Virgem de Socavón, a padroeira de Oruro. Cada corso tem seu próprio hino, cantado em êxtase pela multidao (Oruro salta de 170 mil habitantes para mais de 400 mil do Carnaval), regado por muita, mas muita cerveja e animaçao. Que samba e axé nada. Música folclórica boliviana, com muitos naipes de sopros. O trajeto dos corsos é de 3 km, pelas ruas de Oruro. Cousa de loco. Alguns trajes pesam 50 kg. E eles nao param nunca de dançar. As danças sao muito bem coreografadas.


As danças coreografadas sao algo à parte

Os corsos representam as diferentes culturas das cidades bolivianas. Primeiro entra um carro todo enfeitado com uma imagem da Virgem de Socavón. Depois vem os passistas com guizos presos aos pés. Eles fazem coreografias incríveis. A multidao vai a loucura. Depois algumas fantasias mais elaboradas, com máscaras impressionantes. Tem a ala das Morenas. Estas quase todos os corsos tem. A fantasias é bem parecida entre todas as morenas de todos os corsos. Sempre bailam da mesma maneira. Dois passinhos pra um lado dois para o outro. Sao lindas. Legal é ver a gurizada gritar "beso, beso" quando elas passam. Às vezes até sao atendidos.


As morenas de Oruro


Baks tirando uma casca das morenas
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A galera aqui nao para nunca. Como tem arquibancadas dos dois lados, existe uma verdadeira guerra de "globos", bixinguinhas de água voando para todos os lados. Impossível ficar seco.
Muita gente compra capas plásticas para nao se molhar muito. Compramos tambem.
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Passistas no Carnaval

No sábado, o Carnaval começa com a Entrada, com o desfile de todos os corsos. O ponto alto é a Diablada, quando vários bailarinos representam o diabo, desfilam pelas ruas. Infelizmente perdi a Diablada, pois chegamos só a tarde em Oruro. Por último vem a "bateria". Com muitos instrumentos de sopro. Um show à parte. Vou ver se eu posto no You Tube um dos vários vídeos que gravei para vocês terem uma idéia. Sem escutar as músicas e ver as coreografias fica difícil dar uma idéia da dimensao.
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Baks curtindo a festa no meio da galera

Saimos as 5h da manha da festa e voltamos para casa. Graças a Hilda, consegui local onde ficar em Oruro. Os preços dos hotéis multiplicam por 6 ou 7 no Caranaval. A minha estratégia, antes, era ir para La Paz e, durante o dia ir para Oruro e voltar pela manha. Ah, primeiro grande erro estratégico: tinho lido que era frio na Bolívia, mas nao pensava que era tanto. Ora pois, estamos no verao. Durante o dia, faz um calorzinho agradável, mas à noite a temperatura despenca. Cousas da altitude. Vim pra cá com 3 ermudas e só uma calça. Devia ter vindo com 3 calças e uma bermuda. Vou ter que comprar outra amanha aqui em La Paz.
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Com minha amiga, cicerone e anfitria Hilda

Acordamos domingo e fomos cambiar cultura. Troquei 300 Mb de música brasileira que eu tinha no meu MP3 por 7 Gb de música latinoamericana com a Hilda. Um excelente negócio. Saímos para almocar carne de lhama. Boa carne. Pouco colesterol. Mas nada supera o boi mesmo.

Fomos entao visitar o famoso Santuário da Virgem de Socavón. Lá, dentro da igreja, existe uma entrada de uma mina de estanho, onde supostamente foi encontrada a imagem da Virgem. Dá pra entrar na mina, mas como tinha muita gente e uma fila enorme desistimos. Curti um poquito mais da fiesta, me despedi da Hilda e peguei o busao para La Paz, onde cheguei ontem de noite. A paisagem muda, pois estamos no Altiplano boliviano. Nao há montanhas. Cheguei em La Paz a noite e fui direto ao Hostal Copacabana (64 bs, 18 reais) descansar.

Paisagem altiplânica entre Oruro e La Paz

Acordei quase meio-dia hoje. Dei uma volta pela cidade. Almocei num ótimo restaurante um baita de um contra-filé por menos de R$ 10. Hoje é feriado aqui. Tava ruim de andar pelas ruas pois a qualquer momento poderia ser alvo de um "globo voador". Como ainda só tenho uma calca, resolvi voltar ao Hostal e mexer um pouco na net. Acabei comprando para amanha (50 bs) o passeio às ruínas de Tihuanaku (já falei sobre eles em outro post), uma civilizaçao pre-incaica cuja capital chegou a ter 60 mil habitantes, isso no ano 1000 da nossa Era. Aliás, como falei antes a verdadeira viagem começa agora, na Bolívia. Essa semana promete. Muitas surpresas e aventuras vao acontecer. Fiquem ligados. Bueno. Fico devendo o video no You Tube.

Descobri o verdadeiro sentido da expressao "amizade mochileira". Amizade mochileira é um misto de alegria e tristeza. Tristeza pelos amigos que se perdem, ficam para trás ou tomam rotas diferentes. Alegria por saber que muitos novos amigos virao ainda na jornada pela frente.

Fui.
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Um beijo do Gordo. (Do Jô Soares... mas serve pra mim também!)
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Da série filmes que você não pode deixar de baixar para o seu PC
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O Labirinto do Fauno. (El Laberinto Del Fauno, 2006, Espanha), do mexicano Guillermo Del Toro. 1944. Ofélia tem 10 anos. Sua mãe casara com um coronel espanhol fascista que se muda para as montanhas onde se abrigam os últimos rebeldes comunistas. O pano de fundo é a Guerra Civil Espanhola. Lá, em meio a guerra, Ofelia descobre um labirinto que faz com que todo um mundo de fantasias se abra, trazendo consequências para todos à sua volta. O filme é um misto de realidade e fantasia. A maquiagem e o figurino são perfeitos. Não perde em nada para os filmes americanos. Muito interessante para entender um pouco mais sobre a Guerra Civil Espanhola. Guillermo Del Toro já havia flertado antes com o tema no ótimo filme A Espinha do Diabo, outra grande película.

3 comentários:

Anônimo disse...

cara muito afude as fotos hehehe tirando casquinha né sei sei hehehe mas AAA
mas o que gostei mesmo foi o orisont que lindo que inveja cara muita inveja d não estar ai contigo ^^ abração e t cuida cara

Bruno Araújo Oliveira disse...

como nosso amigo jah disse aew, q inveja kra!!!
lugar muito jóia esse, soh de pensa q ainda veim coisa melhor pela frente...
num é a toa q num desgrudo desse blog
kkkkk
aproveita kra!! viagem assim num é pra qualquer um!!!

Anônimo disse...

E aí tchê!!! Já tá em cima do Perú?
Abraço